47 anos depois, no mesmo dia e no mesmo lugar (Lincoln Memorial, Washington) em que Luther King fez o seu discurso do sonho, dezenas de milhares de ultra-direitistas religiosos, brancos e populistas americanos da organização Tea Party, reuniram-se para salvar a América (e achincalhar Obama).
Perante a abundância de coisas, começam a faltar-me as palavras.
Se fizermos alguma coisa em nome de Deus, isso é aceitável. Apedrejar pessoas até à morte. Queimá-las na fogueira. A Inquisição. As Cruzadas. Irão. Saquineh.
4 comentários:
Sakineh foi alvo de um evento social ontem em Lisboa que juntou 200 participantes, entre eles Dom Torgal e Fernanda Câncio e Inês Medeiros (não conheço as senhoras, a sério, mas só ouço falar delas). Talvez a participação chegasse ao milhar, ou aos milhares, se este símbolo mediatizado da pena de morte - Sakineh - fosse encarado como tal: um símbolo gritante da pena de morte, de resto ainda vigente nos dois mais importantes países do mundo da actualidade: a China e os Estados Unidos (em 36 estados). Dom Torgal que, através da sua Igreja, chegou a concatenar a pena de morte com o aborto assistido medicamente, desta vez não concatenou nada de nada, nem sequer o apedrejamento bíblico com a "humana" injecção letal (os peritos médicos dizem que pode tratar-se de uma das formas de morte mais dolorosas; mas quem sabe, a não ser quem morre?)
há outras coisas que pode fazer em nome do deus
e pode fazer tudo isso em seu nome
a inquisição existe sem deuses
saquinehs y sakanahs há todos os dias sem ajuda de deuses
dão só uma desculpa
e há símbolos da pena de vida
em pior condição
é como os comentários
é só rotularmos as pessoas
depreciativamente
leia-se anterior post
tugas
há uns anos um insulto
hoje quase uma bandeira de glória
se as pessoas têm medo
e querem exorcizar o medo
com ciganos ou sakinehs
ou se os ciganos limpam um crime de honra a pontapé em sacavém ou na cova da piedade
se uma miuda de 12 anos fica com uns dentes a menos
se ninguém ouve, se ninguém se interessa
não é sakineh nenhuma paciência
e não é no irão
é no bairro do picapau amarelo ou na baixa da banheira
não é notícia
Banda in barbar, em nome dos deuses é aceitável, foi o que eu disse e mantenho. É como se tivéssemos as costas quentes, a consciência trancada. Escravos de deus, carrascos dos homens. Mas acho que em poesia isto não iria ficar bem. De resto, sou tuga, sem muito orgulho, nasci, cresci e vivo em Tugal há muitos anos, dou-me com alguns ciganos e negros, com outros não, abomino quem rouba e assalta, não por serem ciganos ou negros mas por serem ladrões e assaltantes, como muitos tugas. Como vê, não rotulo ninguém, só coisas, comportamentos e conceitos. Tenho esse direito, chama-se liberdade de expressão.
Rui Caeiro, de acordo no essencial mas, se não conhece a Inês Medeiros e a Fernanda Câncio, é natural que ouça falar delas se elas fazem tanta questão de ser conhecidas (mediáticas). Lá chegarão.
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