12.07.2010

Ghost in translation-3

Considerem isto e o resto desta secção, passada e futura, a minha autobiografia oficial autorizada.
Continuo a ler com interesse Anna Karénine de Léon Tolstoï mas confesso que começo a ficar sem informação, ou com informação falsa, sobre a Rússia dos ricos descrita por Lev Tolstói neste roman. Mon cher collègue excede-se e historiciza tanto. Havia negros em barda na Rússia do século XIX? Se sim, não os havia no romance de Lev Nikoláevitch, ou então havia-os em barda... O roman deixa-me indeciso. Situação: a criadagem era classificada por categorias e as categorias ordenadas por cores. No topo estavam os criados vermelhos, a aristocracia lacaia (nem que fossem pretos ou caucasianos) e na base estavam os criados negros (nem que fossem loirinhos, loirinhos). No roman de Léon traduit directement du russe há criados negros e cozinheiros negros... (Mesmo hoje, por escassez de africanos na Rússia, o bom e requintado racista russo, por excesso de imaginação, chama «negros» aos caucasianos, orientais da Ásia Central, muçulmanos loiros, etc., etc., e não me digam que não se trata de um problema grave de tradução da parte dos racistas russos).
Traduzido também, mais uma vez, foi Gonçalo M. Tavares (M. de Manuel, de Maria, de Marlon, de Manfred Schwind, Stähli, Grund, Oppdehipt, Kafka, Meireles?). Jurei que falaria dele quando o tivesse lido, movido pelas boas informações das grandes autoridades. Agora que o li, vou falar. Vou falar bem, evidentemente, senão as autoridades prendem-me. Fica para outra ocasião.

Sem comentários:

contacto: