4.29.2011

Maria Leocádia Fagundes, a “Judia” (1917-2011). É o fim da poesia e do pensamento camponeses?

Tal como Rosalía de Castro, foi uma nortenha rija e mocetona, mas sem a instrução da galega. Analfabeta mui guapa, ainda foi criadita espevitadita em casa do Dr. Homem, avô camiliano do famoso reaccionário minhoto, onde aprendeu o gosto pelas letras e pelos números que nunca mais a abandonaria. Brilhou contudo em tudo o que era oral, desde a quadra popular ao provérbio. Os jovens diletantes de maillot em veraneio no Moledo afirmavam mesmo com convicção que ela praticava melhores sucções do que o próprio Dr. Pedro Homem de Melo. Imbatível nos despiques ao desafio, percorria feiras e romarias, esbanjando talento. Já para o tarde, corrida do Moledo porque não acreditava em Fátima, emigrou para França, chamada por um filho por sinal ilegítimo por sinal, e foi de França que trouxe o gosto pela técnica simbolista e pelo minete, prática literária rara em Portugal na década de 60. Do seu convívio com os maiores intelectuais da época, absorveu o melhor da cultura do vingtième e, referindo-se quiçá ao seu ex-patrão intelectual Dr. Homem, cantou por exemplo:

Aprendi munto co doutor,

Um intelectual divino,

Por exemplo que um pénis

É um caralho pequenino.

1 comentário:

FJV disse...

É muito bom. Abraço.

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