3.05.2012

Pútin chora

Eh, troika! Troika-pássaro! Também tu, ó Rússia, não correrás assim, como uma troika célere e inultrapassável... (Gógol, Almas Mortas) Pútin plátchet! O homem de ferro também chora, é humano, é a Rússia. Depois limpa os olhos perante milhões e diz: "é do vento". É modesto, é tímido mas forte, é a Rússia. Pútin diz o mais importante: "Ganhámos! Glória à Rússia!" Como poderiam os russos não votar nele? O que importa a autocracia, a corrupção, se o que está em causa é a Rússia? Pútin ganha e ganhará todas as eleições que queira porque, aos olhos do carácter colectivo profundamente nacionalista dos russos, é o único representante credível desse nacionalismo atávico, que já vem das trevas dos tempos. Ainda hoje os russos se revêem nos seus grandes profetas do século XIX: Gógol, Tchaadáev, Belínski, Dostoiévski... Tudo o que a oposição tente, e tem liberdade e meios para isso, não passa de fraseologia, casca, aparência ocidentais.

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