A entrevista "non stop" que, desde que foi condenado, Sua Inocência tem estado ininterruptamente a dar às TVs teve o mais respeitoso e obrigado dos episódios na RTP1, canal que é suposto fazer "serviço público".
Desta vez, o "serviço" foi feito a um antigo colega, facultando-lhe a exposição sem contraditório das partes que lhe convêm (acha ele) do processo Casa Pia e promovendo o grotesco julgamento na praça pública dos juízes que, após 461 sessões, a audição de 920 testemunhas e 32 vítimas e a análise de milhares de documentos e perícias, consideraram provado que ele praticou crimes abjectos, condenando-o à cadeia sem se impressionarem com a gritaria mediática de Suas Barulhências os seus advogados, o constituído e o bastonário.
Tudo embrulhado no jornalismo de regime, inculto e superficial, de Fátima C. Ferreira, agora em versão tu-cá-tu-lá ("Queres fazer-lhe [a uma das vítimas] alguma pergunta, Carlos?"). O "Prós & Contras" só não ficará na História Universal da Infâmia do jornalismo português porque é improvável que alguém, a não ser os responsáveis da RTP, possa chamar jornalismo àquilo.
(Manuel António Pina no Jornal de Notícias)
Estou de acordo, Manuel António Pina, principalmente com a primeira frase: "Desta vez...". Só faltaram a Manuel António Pina mais duas ou três linhas para referir "as outras vezes" (tantas, autêntica campanha) em que o jornalismo de merda que anda a defender os crimes abjectos de Cruz, o Cruz que julga os juízes (porquê, não se pode?), serviu para manipular, insinuar, urdir a grande intriga política à volta dos abusos de casapianos (neste particular da política, não esqueçamos que, como querem os puristas, ainda falta submeter a seis anos de provas e perícias Ferro Rodrigues, Jorge Sampaio, Paulo Pedroso, Jaime Gama, etc.) É todo este envolvimento abjecto que me leva a querer ouvir Carlos Cruz e a conhecer todas as facécias do processo e todas as interferências cabalísticas no processo. O resto não tem nada que saber: perante processos destes, não sei se Carlos Cruz tem razão, mas tem o direito de ser ouvido mediaticamente, uma vez que tem essa possibilidade, tal como também foi mediaticamente condenado, muito antes da sentença, pelo jornalismo de merda.
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