Mais um que eu linkarei durante uma boa parte da minha pequena eternidade, porque está sempre a dar-me ideias.
Por falar em envidia sana (é latim, tradução literal: inveja, mas da boa), vem-me à ideia a de alguns escritores que não disfarçam a sua inveja por outros, inveja que, no fundo, é uma admiração escondida mas exacerbada. Uns não a disfarçam, outros ocultam-na cuidadosa e artisticamente. Lev Tolstói, quando terminou os trabalhos de Hércules do Guerra e Paz, declarou que estava farto, que, de futuro, só escreveria coisas pequenas mas que contivessem "páginas de fogo". Foram necessários muitos estudos, muitas pesquisas no "Diário" e na correspondência de Lev (essas coisas que só se fazem aos grandes escritores barbudos e que sejam ainda por cima condes), para se descobrir que "páginas de fogo" seriam essas. Descobriu-se que Tolstói andava obcecado de admiração e inveja por um modesto novato das letras russas, doente, bom-serás, mas... que era genial, escrevia "páginas de fogo": Anton Tchékhov.
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