5.23.2011

A demagogia, oh, se rende

De Henrique Bento Fialho:
Há muitos portugueses que gostam de ouvir Paulo Portas criticar o Rendimento Social de Inserção. Babam-se de contentamento quando o intocável brada contra a injustiça que é uns terem que trabalhar para outros poderem viver em casa à custa do Estado. Para Paulo Portas, os desempregados são um cancro e os apoios sociais são o vício que provoca o cancro. Este discurso é muito apelativo, esta retórica rende, e não restam dúvidas de que o Dr. Portas é doutorado em capitalizar a demagogia. Aqueles que discordam do Dr. Portas deviam aplicar-se em explicar às pessoas, de um modo claro e evidente, a demagogia do Dr. Portas. Não o fazendo, permitem que essa mesma demagogia ganhe adeptos e alastre como uma praga inquisitória. Não sei se é verdade, se é mentira, mas notícias recentes referem que o RSI, com todos os seus vícios e eventuais virtudes, custou ao Estado 520 milhões de euros no ano passado. Ora, a mesmíssima alma que está tão preocupada e indignada com este valor não hesitou em pagar 832,9 milhões de euros (sem juros, porque com juros esse valor supera os mil milhões de euros) por dois submarinos comprados quando era Ministro da Defesa. Para o Dr. Portas os submarinos podem ser prioritários relativamente aos apoios às famílias carenciadas. Só isso explica o investimento final de 1,35 mil milhões de euros no Tridente e no Arpão. Mesmo tendo em conta os defeitos de um sistema permeável a falhas e à típica chico-espertice lusitana, que nunca será tão onerosa como a demagogia do Dr. Portas, prefiro o investimento no apoio às famílias carenciadas.

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