2.22.2013

Faux jetons - Leçon nº 1

Faux é "falsas", jetons é "fichas". Se a ficha já é uma substituta de moeda (uma moeda falsa), uma "falsa ficha" é qualquer coisa assim de duplamente miserável, latrinário. O faux jeton é mais, e alapa-se muito mais abaixo, do que o hipócrita dos dicionários e do Vaticano. O senhor Secretário de Estado da Presidência quis dar uma de raciocínio e disse que só entende o protesto se o protesto não for mandar calar os outros. Diz, portanto, aos protestantes: têm o direito de protestar, mas devagar, sem mandar calar, e só lhe faltou acrescentar, porque é um faux jeton: calem-se porque o Relvas e o Passos querem falar. E a Grândola, posso cantar? Sim, mas no sossego do lar. O faux jeton pulula nos blogues da direita encapotada de outras coisas: literária, humorista, malditamente desgraçada, ou blasée, mas genial, ou que vive só para a poesia. Tem um léxico sintético mas altamente significante: Coreia, Chávez, Síria, amanhãs que cantam e, a última que descobri: salvadores do mundo. Os salvadores do mundo são os que protestam e vão às manifestações, são mesmo totós. O Correio da Manhã é o mein kampf faux-jeton da imprensa porque em vez de ter a ombridade (que merda é essa?) de dizer abertamente o que lhe mandam - que os protestos partem do PCP e do BE, denuncia com fotografia e tudo, qual informador da Nova Pide, duas raparigas dessas que protestaram, com os rostos emoldurados num círculo delator, as histéricas.
Mas estamos a fugir do assunto linguístico: eu queria pedir a algum senhor escritor benévolo, nem que seja desses dos blogues, para me encontrar um sinónimo forte de faux jeton porque isto assim está a ficar muito estrangeirado.

2 comentários:

Sun Iou Miou disse...

Ora, eu em galego, que não é assim muito estrangeiro, diria "suíño" (é só trocar o ñ por nh), que não tem nada a ver com suíno, porque os porcos não têm culpa.

Morgada de V. disse...

Em inglês seria "bad penny", o que também casa bem com a "má moeda" que o Cavaco gostava de citar. Em português, temos de parafrasear: não valem um pataco (e os argumentos sobre a liberdade de expressão dos ministros são patacoadas). Não me ocorre mais nada.

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